30.3.09

Manta


No início de Janeiro, como forma de terapia, propus-me fazer uma colcha para a cama do G. Ainda só vai a meio, já gastei muito mais lã e dinheiro do que alguma vez pensei gastar. Não está perfeita, mas vai valer a pena. Quem me ensinou o ponto de crochet foi a minha tia Ilda, perita nestas coisas. Pena não estar perto para me ensinar a fazer os acabamentos...Tenho saudades dela, e quem sabe, talvez nos possamos encontrar novamente para me poder transmitir mais umas dicas para uns novos projectos. Beijos.

6.3.09

spine of god


Ao deambular pela net, acabei por me por a ouvir uma banda norte americana, os Monster Magnet que me foi dada a conhecer por uma grande amiga minha, a F. Não está fora do país, mas seguramente que não nos encontramos há uns 15 anos. Num verão em Odeceixe, fazia a pé o percurso entre o parque de campismo e a praia, colocava o meu walkman e adorava ouvir duas das faixas que tinha na k7, Spine of God e Ozium. Uma estrada de terra batida que serpenteava ao lado da margem direita da ribeira de Odeceixe, onde era possível avistar vacas a pastar, carros de matrícula estrangeira literalmente a cair aos pedaços passavam por nós, paravam e cordialmente nos ofereciam boleia até á foz do rio. Hoje em dia dificilmente me enfiava dentro de um carro de desconhecidos. Ao chegarmos á foz, encontrávamos apenas um bar de praia em madeira e os seus frequentadores, onde se podia beber umas cervejas ao som de boa música e de um ambiente familiar de desconhecidos. O bar ficava a poucos metros da foz, jovens casais com crianças muito pequenas passavam ali o dia, pés pequeninos em equilíbrio em cima das pedras quentes, cães vagueavam lentamente entre as mesas á espera que alguém os lhes passasse a mão pelo pêlo. Estava-se ali o dia inteiro e depois o regresso ao parque. Todo aquele percurso me transportava para umas imagens que tinha visto do Robert Frank. E com aquela banda sonora tudo parecia perfeito mas um pouco surreal, era como se aquele espaço físico nada tivesse a ver com tudo o que lhe estava á volta. Sinto a falta da F. e de todo aquele ambiente, voltei lá uns anos mais tarde e nada daquilo persiste.
nota: a imagem é de Robert Frank

3.3.09

Afectos


É o segundo livro com que fico de quem não teve tempo para os acabar de ler. Passo as mãos pela capa para consolo da minha pele. Não consigo mudar o marcador para outra página, a leitura ficou suspensa á espera que alguém prossiga onde esta parou. Está a fazer um ano que to ofereci, não fui capaz de comprar o banal do perfume, da camisola sem importância… tinha de ser algo que valesse mais que o objecto em si. Já não precisamos de nada…temos as casas ocas repletas de coisas inúteis. Por que não me levas antes até ao campo? Aperta-me a mão! Há quanto tempo não o fazias? Ganhei coragem e escrevi, amo-te. Quando nos resta pouco tempo, temos de dizer tudo o que devíamos ter dito a vida inteira. Aglutinei tudo nessa palavra, como se nela coubesse tudo aquilo que te queria ter dito.
Entreguei-te o livro, agradeceste emocionado. Uns dias depois disseste “não vai ser fácil para mim ler este…”

1.3.09

A arca de Noé I e II




Dois CDs fantásticos com poemas de Vinicius de Moraes, com melodias compostas por Toquinho, Tom Jobim entre outros. Vários cantores da MPB dão voz a estes magníficos poemas, quase todos inspirados em animais, Fagner compõe a melodia e interpreta o Leão, Elba Ramalho traz o sotaque do forró para o Peru, Ney Matogrosso dá voz á Galinha D'Angola, destacar a feínha Corujinha cantada por Elis Regina e os primeiros versos ditos pelo Chico Buarque. São músicas gravadas no inicio dos anos 80, tendo como base um livro editado com 32 poemas com o mesmo nome: "A arca de Noé". Os meus CDs e versão impressa vieram do Brasil, mas espreitem os poemas na net, são lindos!!!