8.2.09

Memórias


Hoje fomos apanhar laranjas. É uma sensação estranha, o estar a colher frutos de uma árvore que o meu avô plantou. Tenho muitas memórias dessas árvores. Vejo o meu irmão a trepar por elas a cima, ficava empoleirado nos ramos e mandava os frutos pelo ar para a minha mãe apanhar, ela por sua vez colocava-os em sacos. Vejo a minha mãe a subir a escada de madeira feita pelo meu avô (e que ainda hoje utilizamos para o mesmo efeito), e lá de cima deixava cair os frutos para que eu os apanhasse. Vejo o meu pai a puxar pelos ramos, sempre o mais cauteloso de todos nós, preferia ficar cá em baixo a arriscar uma queda lá de cima. Era uma actividade que envolvia um certo risco, graças a ela torci um pé, escorreguei de um muro cheio de verdete, custou-me dois longos meses de fisioterapia. Eram rituais que se repetiam todos os anos por esta altura. O ano passado, foi o primeiro Inverno em que o G. se iniciou nesta andança. Hoje era o M. quem subia a escada e o meu irmão quem colocava as laranjas no saco.
Falei das laranjeiras, como podia ter falado desta figueira que fica em casa dos meus avós paternos, também ela portadora de várias memórias da nossa família.
Como somos frágeis...quantos de nós já se foram, e aquelas árvores perduram intocáveis no tempo.

1 comentário:

Catarina disse...

Frágeis mesmo, ir ao nosso prédio hoje em dia é um tormento. E nem imagino a minha mãe, quando me diz que ela é a que resta... dificil, não é?

Escreves de dentro. Isso é bom.